sábado, 13 de fevereiro de 2010

o álbum, o livro e o documentário: the dark side of the moon


'the dark side of the moon', lançado em março de 1973 pelo pink floyd, é umas das obras-primas do rock de todos os tempos e é um sucesso comercial. o álbum é um dos maiores êxitos da cultura pop e alcançou reconhecimento de público e de crítica nesses seus quase 40 anos de vida. bateu, por exemplo, o recorde de permanência no top 200 da billboard, um dos principais semanários músicais dos estados unidos. ao todo, foram 741 semanas consecutivas entre os álbuns mais vendidos da américa. por si só, a façanha já tornaria a banda célebre.

uma das consequências óbvias é que o sucesso do disco gerou uma série de sub-produtos. desde souvenirs até documentários para a tv. um desses frutos é 'the dark side of the moon - os bastidores da obra-prima' (2006), livro escrito pelo jornalista inglês john harris, que nos proporciona uma perspectiva mais apurada do disco. a preocupação do autor em mostrar tudo que envolvia a banda durante processo de criação do 'dark side...' é muitíssimo evidente e é também o principal atrativo para sua leitura. ou seja, não se deve ignorar o contexto no qual o álbum foi concebido e registrado.

muitas coisas me chamaram a atenção. impressiona, por exemplo, a maneira como a banda é apresentada pelo autor. no início dos 70's, o pink floyd era tido como umas das maiores bandas underground do mundo. contudo, embora houvesse esse reconhecimento e um relativo sucesso, john harris nos mostra um pink floyd relutante, insatisfeito com os resultados do próprio trabalho e atormentado pelo fantasma do seu primeiro band leader: syd barret. o pink floyd pré-dark side estava sempre a um passo da dissolução, mas a própria relutância dos membros da banda em discutirem o que havia de errado impediu que a carreira da banda fosse abreviada e eles seguiram em frente.

fiquei tentando imaginar o que isso significava: 'ser uma banda underground bem sucedida'. porque naquela época, pelo menos até onde eu sei, não existia o que hoje entendemos como uma cena alternativa forte e coesa. os mecanismos de divulgação e sustentação de uma banda eram infinitamente mais restritos que hoje. calculo que a banda representava vagamente o que o sonic youth representa para o rock alternativo dos 90, ou algo parecido.

vi com bastante interesse a forma como o álbum anterior, o bem menos badalado 'meddle', de 1971, ('obscured by clouds', de 1972, é, na verdade, uma trilha sonora feita por encomenda) e particularmente a suíte 'echoes', foi o catalizador que deu ao pink floyd as referências musicais e conceituais que a banda procurava desde a perda de barret. a música consolidou a personalidade da banda sem o ex-líder e foi decisiva para o que viria a seguir.

há também a interessantíssima história da criação da capa que, a meu ver, é uma das mais emblemáticas da história do rock. aliás, desconfio que aquela imagem é muito mais rapidamente reconhecida que as capas de outros álbuns clássicos como: 'sgt.peppers', 'led zepellin iv', 'pet sounds', 'exile on main street', etc. pouquíssimos discos conseguiram um estreitamento tão grande entre identidade visual e música como o disco lançado por roger waters & cia em 1973.

como não poderia deixar de ser, o livro também trata do impacto do sucesso na carreira da banda e a crescente tensão entre os seus membros, especialmente waters e gilmour, nos anos que se seguiram até a saída do baixista/líder e a posterior guerra judicial pelo nome do grupo em 1983.

embora o livro seja fantástico, a tradução para a versão brasileira é um pouco frágil. em muitos momentos, aparecem palavras e expressões que me pareceram bem estranhas ao contexto do livro. não falo isso por ter visto a edição original ou por ser especialista em inglês ou traduções. mas já li o bastante para saber que nem o mais amador dos escritores comete determinadas gafes, então, só podem ser falhas da edição dessa edição em português.

o documentário

documentário da bbc sobre o álbum. é só seguir os vídeos de 48 a 52 da listar de reprodução
outra sugestão é que também assistam ao documentário da série 'classic álbuns', lançada pela bbc que, inclusive, está disponível no youtube. o documentário realça aspectos mais técnicos da gravação do álbum, presentes no livro, e também fala do clima em torno da concepção do disco. em resumo: leia o livro, veja o filme e ouça o disco.

dois links

quarta-feira, 3 de fevereiro de 2010

'hardcore devo, vol. 1', do devo


o texto abaixo foi escrito pela kennia, que sempre revisa os posts do blog pra mim. ela, que é fã confessa do devo, disponibilizou o 'hardcore devo, vol. 1' somente para amigos e escreveu algumas impressões sobre a coletânea. baixei, ouvi e gostei. li também o texto e achei bacana, pessoal sem perder a objetividade. resolvi publicá-lo aqui. aí vai.


* * * * * *

se vc não conhece o devo do 'whip it', 'that's good' ou 'time out for fun', peço encarecidamente, que não baixe essa coletânea (pelo menos, enquanto não ouvir músicas mais comerciais da banda).

o seu ipod, mp4 ou o escambau correm o risco de se chocarem com a primeira parede que você ver a sua frente. e o devo ser estigmatizado pelo resto da sua existência. a não ser que goste de experimentalismo/minimalismo eletrônico.

se vc curte isso e já deu uma boa escutada no som do grupo, então, termine de ler esse texto e vá fundo no download.

você vai conhecer um devo diferente, um disco com muita guitarra, sintetizadores (caseiros, eles mesmos confeccionavam a parafernália ensurdecedora, na época), fazendo um som '... desde o minimalismo eletrônico do kraftwerk a um rhythm and blues.' (definição retirada do site http://www.devobrasil.com.br).


'mongoloid' ao vivo, em algum lugar do passado.

'hardcore devo' são duas coletâneas, com quatro discos. as versões da compilação foram gravadas antes do devo ser devo, digamos assim, e são experimentações de porão de 1974 a 1977. o primeiro álbum da banda, 'q: are we not mMen? a: we are devo!' viria a ser lançado em 1978.

algumas das músicas foram regravadas depois e apareceram nos álbuns pós-1978. uma delas é 'mongoloid' (música que fez eu me apaixonar pela banda, na versão que está no álbum de estreia). mas a maioria continuou obscura para o público, pelo menos, até o lançamento dessa miscelânea hardcore.

saiba mais sobre 'hardcore devo, vol.1' aqui.