sexta-feira, 14 de agosto de 2009

o lutador


'o lutador' é barra pesada, não é para os de estômago fraco e mais: é melancólico do início ao fim. o filme nos conta a história de randy 'the ram' robinson (mickey rourke), um veterano lutador de luta-livre.

logo no início, somos informados que os dias de glória ficaram para trás, precisamente nos anos 80. antes um dos mais bem sucedidos entre os lutadores do gênero, the ram sobrevive agora de pequenas exibições para fãs saudosistas e de subempregos.

não ficam explícitos os motivos pelos quais o personagem chega à sua condição de quase miséria após o sucesso conquistado, mas o fato é que sua permanência nos ringues é, em parte, uma necessidade existencial e, em parte, financeira. em resumo, o cara tornou-se o que a sociedade americana convencionou pejorativamente como 'white trash'.

em meio a esse cenário, ele tenta conquistar cassidy (marisa tomei - uma de minhas atrizes prediletas), uma stripper também em fim de carreira, que pretende sair da cidade e mudar completamente de vida tão logo se aposente.

tudo se mostra sem qualquer nova perspectiva na vida de the ram quando, ao término de mais uma exibição, ele sofre uma ataque cardíaco e, tendo que rever sua forma de vida, é obrigado a abandonar os ringues. esta nova condição faz com que ele busque a reconciliação com sua única filha, que o vê como um pai ausente e do qual guarda uma série de ressentimentos.

no fim, a solução encontrada por the ram para liquidar seus dilemas de uma vez por todas será sendo o que sempre foi... um lutador.

não se trata, portanto, de um filme de superação tradicional, no qual tudo acaba bem. isso vai ficando claro à medida que vemos a história e tomamos conhecimento: das dificuldades e dos desvios na personagem-título; da sua relutância em se ressocializar; da sua incapacidade de mudar suas próprias prioridades na vida...

tudo é mostrado de forma bem direta, evitando os clichês tradicionais (mas não todos) do cinema americano e com atuações de primeira linha, em especial, a de mickey rourke que consegue excepcionalmente tornar crível o lutador

* * * * * *

os nossos poucos leitores devem ter percebido que está pintando, pelo menos, uma nova colaboradora no blog. é a manu, amiga de outros carnavais, que ficou sensibilizada com a situação de quase abandono do FRANCA POTENTE e resolveu colaborar. por enquanto, ela só publicou essas poucas linhas aí abaixo, mas tenho certeza que ela vai trazer novidades bem interessantes.

se mais alguém estiver interessado, é só entrar em contato!

seja bem-vinda, manu!

sábado, 30 de maio de 2009

melhores de 2008 - mc5, the raconteurs, mopho e ramones


a coisa tá difícil. maio está parecendo uma temporada num hospício. muitas coisas (muitas mesmo) pra fazer... resultado: ando sem tempo pra nada. ainda bem que não há um compromisso do FRANCA POTENTE com prazos ou regularidade entre as postagens.

retomando os melhores de 2008, aí vão comentários sobre quatro álbuns.

mc5 - back in the u.s.a. (1970)

não há dúvida que o mc5 é um dos principais expoentes do protopunk no início dos anos 70 e 'back in the u.s.a.' é, por assim dizer, o seu lançamento mais bem acabado (o álbum sucedeu o petardo 'kick out the jams' - lançamento ao vivo de 1969) .

'back...' gira em torno das faixas de abertura e de encerramento do álbum, covers de ícones do rock'n'roll: 'tutti-frutti', de little richard; e 'back in the u.s.a.', de chuck berry. a conclusão óbvia é que o álbum pretende resgatar a simplicidade original, que fez a alegria dos primeiros tempos do rock.

além das duas covers, o álbum tem ainda 9 músicas próprias. com essas composições a banda procurou não apenas resgatar os elementos explicitados nas covers já citadas, mas também dar mais peso e impacto ao som dos pioneiros do gênero. o resultado é que o álbum é um daqueles álbuns perfeitos e à frente do seu tempo. ali, o quinteto de detroit consolidou a antecipação dos elementos essenciais do tal movimento punk.

uma das desvantagens de álbuns com esse é que eles tornam ingrata a tarefa e apontar destaques entre as faixas. de qualquer forma aí vai uma tentativa: 'teenage lust', 'looking at you', 'high school' e 'shakin' street'. mas é claro que é um disco pra ser ouvido de cabo a rabo...

the raconteurs, consolers of the lonely (2008)

em se tratando do raconteurs é importante destacar que a banda não é um mero projeto solo de jack white, mas fruto de uma parceria entre ele e brendan benson, além da cozinha de uma banda chamada the greenhornes. a meu ver, o trampo dos caras é excelente, especialmente, por buscar suas referências numa época que não os hoje incensados anos 80, dos quais todo mundo é fã ultimamente.

um dos poucos álbuns da minha lista efetivamente lançado em 2008. aliás, 'consolers of the lonely' teve até um post exclusivo de dezembro passado. veja aqui.

este é o segundo álbum do raconteurs. nesta empreitada, a liderança de jack white fica muito mais evidente do que na estreia (outro discão, mas bem diferente do seu sucessor). é possível perceber com muito mais clareza o blues, o folk e o hard rock setentista envenenando o som da banda. numa palavra, the raconteurs é rock vintage de primeiríssima linha.

o álbum mescla músicas mais rápidas e baladas. tudo muito bem dosado. muito bem sacado é o uso de metais e piano em algumas faixas. vale muito a pena perceber a versatilidade dos arranjos, sempre muito atentos à pegada rock'n'roll que nunca resvala pro pop óbvio tão comum entre as bandas desta primeira década do século xxi. aí vai mais uma listinha ingrata de prediletas: 'salute your solution', 'old enough', 'the switch and the spur', 'many shades of black', 'five on the five', 'attention', ... e por aí vai.

p.s.: destaque especial para a voz do sr. benson.

the ramones, the end of the century (1980)

álbum básico para qualquer pessoa interessada por rock, 'end of the century' foi lançado em 1980. diz a lenda que a gravação do álbum foi marcada por tumultos e desentendimentos entre membros da banda e phil spector, o produtor da bolacha e ídolo de joey ramone. o clima também esquentou dentro da própria banda e as coisas nunca mais foram as mesmas...

quando comparamos 'end of...' com os lançamentos anteriores, percebemos imediatamente a sonoridade mais pop e até refinamentos em arranjos de algumas músicas. esse requinte, embora tenha ampliado a visibilidade da banda, manteve as vendas em baixa e ainda gerou controvérsia com fãs mais antigos e com a crítica, que torceram o nariz para o som mais limpo.

polêmicas à parte, estamos falando de um baita disco. ali estão registradas algumas músicas que contribuíram para alçar os ramones à categoria de banda clássica. aliás, vale destacar que o tom clean realçou muito bem a simplicidade do som dos caras: as músicas são fáceis, diretas e (por que não?) assobiáveis.

minhas favoritas: 'do you remember rock'n'roll radio?', 'chinese rock', 'baby, i love you', 'i can't make it on time', 'rock'n'roll high school'.

mopho - sine diabolos nullus deus (2004)

a banda alagoana mopho é muitas vezes comparada aos mutantes. a comparação tem lá sua razão de ser, afinal, existem referências comuns facilmente identificáveis. a principal é a psicodelia dos anos 60. mas restringir os alagoanos a um clone dos seus antecessores é, no mínimo, desconhecimento. a meu ver, os mutantes tinham mais referências: a tropicália, a mpb... enquanto o mopho mergulhou fundo na psicodelia pura e simples.

longe de ser um limitador, esse mergulho psicodélico definiu a personalidade da banda e lhe conferiu, por assim dizer, sua originalidade. o mopho é uma banda de outro mundo, de outro tempo. e 'sine diabolos nullus deus' é uma das expressões desse universo criado por joão paulo, principal compositor da banda.

'sine...', cuja capa é uma citação explícita de 'rubber soul' (não é preciso dizer de quem, né?), é uma emocionante viagem ao passado. os efeitos, a construção dos vocais e dos arranjos, as gírias nas letras, tudo no som da banda é datado e já foi visto, mas o curioso é a capacidade de imprimir vigor em algo tão desgastado. chega a ser comovente.

a música dos caras vem do coração e é contundente. os temas são como alucinações sobre o mundo e sobre a natureza humana. há também canções lisérgicas de amor. todas maravilhosas. para mim, 'sine...' é um álbum para sempre. foi um daqueles álbuns que ouvi e acabaram mudando minha percepção sobre o que se espera do rock'n'roll.

por eu ser muito fã do álbum e por ver uma coerência muito grande entre as músicas, nem vou arriscar uma listinha de prediletas. o álbum é excelente e tem que ser ouvido na íntegra.

*.*.*.*

antes de terminar de escrever já tinha percebido que o post ficaria imenso e poderia até tê-lo dividido em dois, mas resolvi manter tudo num só pra ir um pouco contra essa onda da velocidade e fragmentação das informações tão em voga nestes tempos de internet. e já que eu demoro a publicar é legal que os interessados se demorem um pouco na leitura.

quinta-feira, 30 de abril de 2009

'o amor nos tempos do cólera', de gabriel garcía márquez


"florentino ariza, por outro lado, não deixara de pensar nela um único instante desde que fermina daza o rechaçou sem apelação depois de uns amores longos e contrariados, e haviam transcorrido a partir de então cinquenta e um anos, nove meses e quatro dias. não tivera que manter a conta do esquecimento fazendo uma risca diária nas paredes de um calabouço, porque não se havia passado um dia sem que acontecesse alguma coisa que o fizesse lembrar-se dela." trecho de 'o amor nos tempos do cólera'.

três semanas atrás terminei a leitura de 'o amor nos tempos do cólera' (1985), do escritor colombiano gabriel garcía márquez. antes mesmo de ler o livro já estava disposto a escrever alguma coisa sobre o assunto, especialmente por se tratar de um escritor fora de série.

num texto de cronologia não muito linear, encontramos a história de um triângulo amoroso: florentino ariza, fermina daza e juvenal urbino. florentino é, na verdade, apaixonado por fermina que o pretere para, logo em seguida, se casar com juvenal. o livro, em grande parte, acompanha os mais de 50 anos de paixão e espera de florentino por fermina. basicamente, é isso, mas o livro não se restringe ao "basicamente"...

são páginas e mais páginas de elegância e de estilo em discussões profundas sobre a velhice (tema, aliás, recorrente em sua obra), sobre autonomia e convenções sociais, sobre o amor no que ele possui de fantasioso e ao mesmo tempo rotineiro e desgastante, sobre as renúncias que a vida a dois e a solidão proporcionam às pessoas, sobre a formação da américa latina moderna.

antes do livro, li alguns comentários na internet de outros leitores sobre o livro. nada muito especializado. ainda assim, fiquei meio decepcionado com algumas interpretações dadas. não me considero nenhum crítico literário, mas percebi que as pessoas se apegaram muito à palavra "amor" do título e encararam o livro sob uma ótica muito romântica.

desconfio que o amor não é necessariamente o tema central do livro, pois, em vários momentos, ele funciona muito mais como um pretexto para o autor falar de outros assuntos. o tempo, por exemplo, me pareceu muito mais determinante para a compreensão da história do que propriamente o amor. aliás, o acento que o autor dá ao tempo de espera de fermino ariza me faz desconfiar da importância que ele tem para a trama.

a meu ver, é o tempo, e não o amor, o quarto personagem no núcleo da história, pois ele vai passando de formas bem específicas para cada um dos personagens, inclusive os secundários. ao longo da vida, todos eles vivem alegrias, tristezas e esperas, que de tão marcantes, vão evidenciando o início e o fim de ciclos em suas vidas.

a passagem lenta do tempo é essencial para termos uma perspectiva mais completa do triângulo amoroso e o ambiente no qual estão inseridos. é fundamental que entendamos como cada um dos três protagonistas viveu aqueles cinquenta anos para entendermos suas motivações, suas decisões e escolhas.

no final, minha sensação foi de que a velhice traz o esclarecimento necessário às escolhas feitas na juventude; por outro lado, as experiências não vividas na juventude são resgatas e vividas no fim da vida, criando uma certa circularidade onde o início e o fim da vida se reencontram.

terça-feira, 21 de abril de 2009

os vídeos...

esqueci de postar uns vídeos para os álbuns do último post. aliás, vale um esclarecimento, quem me conhece sabe que não sou muito chegado em videoclip e sempre procuro registros de shows, mas dessa vez foi meio complicado encontrar imagens e sons de qualidade.

edgard scandurra tocando 'culto de amor' (tudo a ver com o meu momento, ou não)




sex pistols, 'holidays in the sun'




david bowie, 'starman'

os melhores de 2008: scandurra, pistols e bowie


sempre atrasado e na maior correria com o FRANCA POTENTE, resolvi otimizar os comentários sobre os meus álbuns prediletos de 2008. assim, ao invés de um longo comentário sobre um único disco, vou procurar elaborar comentários mais breves sobre dois ou três discos de uma só vez. hoje: 'amigos invisíveis', do edgard scandurra; 'never mind the bullocks. here's the...', do sex pistols; e 'the rise and fall of ziggy stardust', de david bowie.


edgard scandurra - 'amigos invisíveis' (1989)

lembro de ouvir este álbum em k7, logo após ter sido lançado. naquele época, eu era infinitamente mais quebrado do que hoje em dia. não tinha dinheiro pra comprar o LP e peguei emprestado com um amigo para gravar uma fita.

o álbum não teve grande repercussão, pois, de certa forma, era meio experimental (com temas instrumentais) e não tinha a pretensão de repetir ou de estar em continuidade com o trabalho do ira!. no disco, scandurra toca todos os instrumentos e destila suas principais influências: led zeppelin, the jam, the clash, the who. aliás, há uma cover para 'our love was'. a versão ficou belíssima. outros destaques, a meu ver, são: 'abraços e brigas', 'amor em B.D.', 'minha mente ainda é a mesma'.

esse disco vai sempre estar em minha lista de melhores de todos os tempos por ser, ao mesmo tempo, acessível e riquíssimo do ponto de vista artístico.

sex pistols - 'never mind the bollocks, here's...' (1977)

falar do único disco lançado pelos sex pistols é chover no molhado. 'never mind the bollocks...', numa frase, é uma das chaves para se entender como o punk rock mudou a cara da música no final dos anos 70. os pistols, apesar de sua curta duração e de serem uma armação do sr. malcolm mclaren, funcionaram como uma metralhadora giratória que conseguiu canalizar toda a frustação e raiva da juventude londrina da época.

entre os destaques nem cito os clássicos óbvios 'anarchy in the U.K.' e 'god save the queen', prefiro mencionar: 'holydays in the sun', 'e.m.i.' e 'bodies'. ainda assim, vale a pena ressaltar que se trata de um álbum irrepreensível, de uma intensidade incrível e que merece ser ouvido de cabo a rabo.

no fim das contas, o que mais me surpreende quando ouço discos como 'never mind...' é o fato de existirem pessoas que não se interessam por rock'n'roll.


david bowie - 'the rise and fall of ziggy stardust' (1972)

todo mundo com um mínimo de cultura rock sabe que 'ziggy stardust' figura entre os clássicos de todos os tempos na história do rock. o álbum conta a história de alienígena que vem parar aqui na terra, torna-se um rock star e passa acompanhar os fatos humanos em direção a um inevitável fim apocalítico. antes do mundo acabar, ziggy comete suícidio e não vê o "fim da festa".

esse é outro daqueles discos quase impossíveis de se apontar destaques sem cometer injustiças, mas aí vai um tentativa: 'soul love', 'star', 'starman'(apesar da versão infame em português), 'ziggy stardust', 'suffragate city'. todas as outras músicas não citadas merecem ser igualmente ouvidas e certamente serão citadas por listas de outros entusiastas do álbum. com toda a justiça.

'the rise and fall of ziggy stardust' é, sem dúvida, mais um dos álbuns que ajudou a elevar o rock'n'roll à categoria de arte.

quarta-feira, 8 de abril de 2009

muitas coisas acontecendo...


muitas coisas acontecendo e eu completamente sem tempo para escrever... vários temas interessantes e eu aqui envolvido com a correria que não deixa a gente viver. o tempo voa e não espera por nós... cansei de ser pobre!

dois livros muito legais lidos recentemente, um monte de álbuns e filmes pra comentar, sem contar que futebol é um tema pouquíssimo explorado no FRANCA POTENTE... definitivamente, tem muita coisa que já deveria estar registrada por aqui. pelo menos, tenho conseguido acompanhar esses assuntos e me divertido com eles. menos mal...

sempre fico alternando os álbuns gravados no mp3 player. entre os da semana passada incluí e ouvi várias vezes o 'in utero', do nirvana. numa dessas audições, fiquei pensando em como a banda fez por merecer o destaque conquistado na história do rock. ao mesmo tempo, nem estava me tocando que dia 5 completavam-se 15 anos da morte de kurt cobain. só depois de ver a notícia na internet a ficha caiu.

suicídio ou não, o fato é que o cara fez a diferença ao subverter a lógica do pop no início dos 90's. o nirvana contribui de forma decisiva para acabar com a pasmaceira reinante e para recolocar o rock'n'roll na ordem do dia. de quebra, a banda ainda abriu espaço para uma série de bandas que permaneceriam na obscuridade, não fosse a reviravolta proporcionada pelo 'nevermind'.

se, como eu, você já estava vivo em 1992 (ou seja, tinha 15 anos ou mais e era ligado em rock), certamente não ficou indiferente ao fenômeno. lembro perfeitamente a primeira vez que ouvi 'smells like teen spirit'. foi na banca de revistas na esquina da minha quadra. fiquei pensando: 'o que uma música bacana como esta tá fazendo no rádio?'.

é verdade que muita gente torceu o nariz para o nirvana, mas acho até compreensível, pois, naquele tempo (e até hoje) tocar em rádio e fazer sucesso era sinônimo de descartável. bandas sérias e que tinham algo a dizer não frequentavam as rádios. as pessoas silenciosamente acreditavam que se estava em rádio, não merecia respeito. para essas pessoas, a primeira impressão foi a que ficou. muitos não conseguiram (sequer tentaram) vencer essa desconfiança inicial e acabaram por ignorar a banda.

para finalizar, queria apenas registrar 'nevermind' é um marco na história do rock, tem várias músicas maravilhosas e conta com uma produção primorosa, mas não é o meu álbum predileto do nirvana. na verdade, acho muito complicado apontar um único. às vezes, tenho uma queda pelo 'in utero', mas todos merecem ser ouvidos, afinal de contas, a banda possui uma discografia muito consistente e vale a pena conferí-la.

se eu não aparecer até lá, feliz páscoa!

nirvana ao vivo no you tube:















e por aí vai...

domingo, 5 de abril de 2009

vídeos: pink floyd e beastie boys

não é mera coincidência. 1992 foi o ano dos bestie boys. os caras estavam com tudo e eram a banda underground mais elogiada e reverenciada do mundo. é claro que também havia os detratores. em meio a algumas acusações de megalomania, resolveram prestar reverência a uma das bandas mais megalomaníacas de todos os tempos: o pink floyd. o vídeo para 'gratitude' é uma referência pra lá de explícita à versão ao vivo da suíte 'echoes', gravada pelo floyd nas ruínas de pompéia em 1972.

então, lá vai: a primeira parte de 'echoes' e o vídeo de 'gratitude'. repare que os beastie boys reproduziram descaradamente várias técnicas e passagens utilizadas 20 anos antes por roger waters e cia. um último detalhe, 'gratitude' foi filmado na nova zelândia.

se ficou interessado no vídeo do floyd, é possível ver as demais partes da suíte no you tube.

'echoes' parte i, pink floyd



'gratitude', beastie boys

domingo, 15 de fevereiro de 2009

'songs from northern britain', teenage fanclub


e dando início aos comentários sobre os álbuns mais marcantes do meu mp3 player (ipod, pra mim, é coisa do futuro...) em 2008, 'songs from northern britain' do teenage fanclub (tfc).

penso que não há necessidade de falar sobre o tfc, uma vez que há um milhão de sites e blogs com biografias da banda e seus membros... de qualquer modo, aí vão duas informações que, aliás, são pouquíssimo técnicas: a) kurt cobain declarou algumas vezes que eles eram a melhor banda do mundo; b) é uma das minhas bandas prediletas de todos os tempos.

'songs from northern britain' foi lançado em 1997 e é um dos grandes momentos da trajetória da banda. não se trata de um álbum inovador, muito pelo contrário. as músicas, de uma maneira mais evidente que em álbuns anteriores, remetem a gêneros bem batidos como o country rock e os anos 60. no entanto, a produção do disco é fantástica. super bem cuidado, é fácil perceber a delicadeza e o detalhamento imprimidos à gravação. os arranjos são perfeitos, os vocais e backing estão fabulosos...

as letras, por sua vez, tratam de assuntos "atípicos" para bandas de rock: amadurecimento, vida adulta feliz, romances bem sucedidos e patriotismo... tudo bem contrário à alardeada rebeldia do rock'n'roll. na verdade, o teenage fanclub é uma banda privilegiadíssima, pois, conta com três compositores fantásticos e que, embora componham separados, conseguem manter uma coesão e identidades incríveis na sonoridade da banda. neste álbum, os três estão inspiradíssimos.

a consistência do álbum é tão grande que fica até difícil escolher uma música de destaque. ou seja, citar as minhas prediletas no álbum é complicado e até meio injusto com as que não forem mencionadas. aí vão: 'ain't that enough', 'start again', 'i don't want control of you' e 'your love is the place where i come from" e 'planets' (já citei quase metade do álbum!).

em resumo, embora eu tenha falado brevemente sobre um álbum específico, o teenage fanclub é uma banda fora do comum e que merece ter toda a sua discografia ouvida por quem se interessa pelo rock britânico de todos os tempos. os caras lançaram outros álbuns considerados fundamentais pela crítica especializada e são reverenciados por artistas respeitadíssimos do grande público.

de uma certa forma, o fato de não terem se tornado uma megabanda capaz de lotar estádios ao redor do mundo foi, a meu ver, algo positivo porque o rock sempre fica meio chato quando fica muito badalado e com muitos holofotes à sua volta.



dica: http://depredando.blogspot.com/2008/09/teenage-fanclub.html

terça-feira, 3 de fevereiro de 2009

'o primo basílio', de eça de queiróz


"e luísa tinha suspirado, tinha beijado o papel devotamente! era a primeira vez que lhe escreviam aquelas sentimentalidades, e o seu orgulho dilatava-se ao calor amoroso que saía delas, como um corpo ressequido que se estira num banho tépido; sentia um acréscimo de estima por si mesma, e parecia-lhe que entrava enfim numa existência
superiormente interessante
(...)".

trecho de 'o primo basílio', de eça de queiróz

já faz algum tempo que eu estou querendo falar um pouco sobre o eça de queiróz, então decidi escrever alguma coisa sobre um livro específico: 'o primo basílio'. o motivo da escolha é meio prosaico: li apenas dois livros dele até hoje. já que dos dois, 'o primo' é o mais conhecido, não tive muita opção. pretendo ler outros, mas, por enquanto, "foi o que se pôde arranjar"...

antes de mais nada, esclareço que não sou nenhum expert em literatura. também não realizei estudos aprofundados sobre escritor algum, logo, não esperem nada muito científico nas próximas linhas. pra falar a verdade, eu gosto muito de literatura clássica, comecei a cultivar este hobby a uns 276 anos atrás e aí acabo me sentindo meio autorizado a, pelo menos, dar umas dicas sobre o assunto.

"o primo basílio", um dos grandes clássicos do realismo português, foi finalizado em 1878 e é uma crítica à burguesia portuguesa da época. a história, passada basicamente em lisboa, começa em torno de um triângulo amoroso: jorge (devotado esposo que é obrigado a passar uma temporada longe de casa em função do seu trabalho); luísa (a esposa entediada de jorge); e o tal primo que dá título ao livro (o vaidoso e irresponsável basílio é um bon vivant decidido a reconquistar, por mero passatempo, a prima com a qual quase se casara anteriormente).

além do triângulo, há uma personagem que, unanimimente, é central para o desenvolvimento da trama: juliana, a criada de luísa. Ela acumula uma série de características negativas que servem de combustível para o seu comportamento. Juliana possui aspecto deprimente, é filha de mãe solteira, nunca esteve com um homem e vê a velhice se aproximando como mais um fator complicador para sua vida de fracassos e de misérias.

ao observar a patroa (rica, bonita, bem-casada e cobiçada por outros homens), juliana, em sua lógica rancorosa, vê-se como uma pessoa ainda mais injustiçada por todos que a cercam.

o aparecimento de basílio e a retomada do romance com a prima, dá a ela uma possibilidade de redenção. ao conseguir provas materiais da relação clandestina dos dois, juliana passa a extorquir a patroa com o intuito de conseguir sua liberdade financeira e uma consequente aposentadoria tranquila.

basicamente, este é o núcleo central da história, mas é claro que há várias subtramas e vários outros personagens muito bem acabados ao longo de todo o livro. não pretendo entrar em detalhes porque minha idéia é muito mais de deixar a dica do que de estragar a surpresa de um eventual interessado.

destaco também a beleza do texto. muito bem escrito e de uma estrutura impecável. não há uma palavra fora do lugar: forma e conteúdo perfeitos. eça de queiróz possui um domínio absurdo do português. quando se tem contato com a sua obra, por mínimo que seja (como é o meu caso), é fácil entender porque ele é um dos imortais da literatura universal. na verdade, é surpreendente ver a capacidade de alguns escritores em se expressar em descrever situações e emoções.

algo que me chamou muito atenção foi o desfecho do livro. para arrematar a história, eça de queiróz utiliza várias páginas numa narrativa fabulosa na qual ele, pouco a pouco, apresenta o destino funesto de alguns personagens e, por outro lado, a continuidade tranquila e hipócrita da vida levada por outros.

ler é sempre muito bom, mas esse foi um daqueles livros que eu li com uma satisfação acima da média e que me deixou meio triste quando cheguei ao final.

as gravadoras são contra o download de mp3 e eu sou contra o download de livros. é muito desconfortável ler um livro inteiro no computador. eu não consigo... de qualquer modo, fica aqui a dica para quem baixar 'o primo basílio'. é só clicar.

quarta-feira, 21 de janeiro de 2009

plus 12


putz, já faz umas três semanas que não há qualquer novidade aqui no FRANCA POTENTE. de uma certa forma, o quadro não vai mudar hoje. vou continuar falando dos melhores de '2008'.

estava relendo há pouco o post anterior e fiquei pensando como a vida pode ser injusta: é o trabalho que paga mal, é o time que não joga nada, é o preço irreal da cerveja, livros, filmes e tudo mais que diverte... essas tais listas e premiações também nada mais são do que pura injustiça. foi pensando nessas questões cruciais que resolvi ampliar a listinha anterior em mais 12 álbuns e dar um panorama dos álbuns que bombaram no meu mp3 player ano passado. o critério e o princípio de organização da lista são os mesmos. aí vai:

* david bowie - the rise and fall Of ziggy stardust (1972)
* edgard scandurra - amigos invisíveis (1989)
* forgontten boys - stand by d.a.n.c.e. (2005)
* sex pistols - never mind the bollocks, here's... (1977)
* suíte super luxo - el toro (2004)
* supercordas - seres verdes ao redor (2006)
* teenage fanclub - songs from northern britain (1997)
* thee butchers orchestra - in glorious rock 'n' roll (2002)
* the black crowes - shake your money maker (1990)
* the jam - setting sons (1980)
* the queens of the stone age - era vulgaris (2007)
* the wedding present - george best plus (1987)
+ 1
* of montreal - hissing fauna, are you the destroyer? (2007)

é claro que estes álbuns não encerram o assunto, mas, pelo menos, minimizam a injustiça de citar apenas os 12 inciais do post anterior. também deve ser óbvio que todos os citados nesta nova lista são facilmente encontrados nos blogs de "divulgação" em mp3.

todo mundo deve ter percebido que eu não fiz qualquer comentário sobre o teor dos citados. fora o desleixo, o principal motivo é o meu desinteresse por comentários breves e superficiais demais. assim, uma dos meus compromissos para 2009 é o de, aos poucos, escrever textos específicos sobre cadas um desses álbuns. talvez, eu comece daqui a dois ou três posts.

domingo, 4 de janeiro de 2009

top 12 - os melhores de 2008


pelos meus cálculos, desde o fim de outubro/início de novembro, estão rolando em vários sites 'especializados' as polêmicas listas dos melhores álbuns e bandas do ano passado. apesar de serem divertidas, as tais listas (vamos ser honestos) não têm, ou pelo menos não deveriam ter, qualquer importância em nossas vidas, não é mesmo? afinal de contas, não faz a menor diferença que o pessoal da rolling stone ou da new musical express considera a nova salvação do rock'n'roll.

o mais legal mesmo é cada um ouvir o que bem lhe interessa sem ficar pensando se aquela é a banda do momento e que o fato de ouvi-la faz de você uma pessoa super 'in' e antenada. some-se a isso, tem o ritmo alucinante de informações despejadas na internet, totalmente impossível de acompanhar, mesmo que você não faça mais nada na vida além de ficar o dia inteiro fazendo downloads e ouvindo superficialmente as tais bandas do momento apenas pra ficar arrotando 'impressões' em rodinhas de bate-papo com outras pessoas que também não têm nada pra fazer.

quanto a mim, procuro seguir o meu ritmo, ouvindo de tudo um pouco, começando pelas bandas das antigas e, eventualmente, descobrindo alguma novidade (por vezes, antiga também, rs) que vale a pena escutar. foi pensando nesse meu modo de ouvir rock que resolvi criar minha própria lista de melhores de 2008. minha idéia é bem simples: listar 12 álbuns que em 2008 tiveram presença constante no mp3 player, indenpendentemente do ano em que foram lançados.

com certeza, haverá injustiças e muita gente boa ficará de fora... fazer o quê, né? seria legal deixar um comentário sobre cada álbum, mas não estou com a menor paciência. asseguro apenas que todos são muito bons, cada um a seu estilo. se você ficou curioso, encontrará com facilidade resenhas e o próprio álbum para dowload aqui mesmo na internet.

a sequência está na ordem alfabética das bandas e não expressa necessariamente uma ordem de preferência... aí vai:

* ac/dc - back in black (1980)
* blondie - parallel lines (1978)
* eagles of death metal - death by sexy (2006)
* forgotten boys - louva-a-deus (2008)
* mc5 - back u.s.a. (1970)
* mqn - fuck cd sessions (2006-2008) [coletânea dos singles disponíveis no site da banda]
* the (international) noise conspiracy - a new morning, changing weather (2001)
* velvet revolver - contraband (2004)
* the raconteurs - consolers of the lonely (2008)
* the ramones - end of the century (1980)
* the rolling stones - the forty licks (2002) [coletânea]
* the sounds - dying to say this to you (2006)
* t.rex - tanx (1973)